O caçador de pipas
O caçador de pipas
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Faz tempo que não escrevo por aqui, mas hoje senti uma vontade inexplicável de escrever. Não sei como explicar esse sentimento, mas parece que chega um ponto em que tenho que parar e escrever alguma coisa, como uma panela de pressão liberando vapor. E para mim, escrever sempre foi isso mesmo, uma válvula para pensamentos, sentimentos, excrementos...
E hoje me senti impelido a escrever algo.
Uma coisa que compreendi aqui no Canadá foi a prestar atenção para as sutis mensagens que nosso corpo nos manda.
Exemplo: comida
Aqui tenho que ficar pensando no que tenho que comprar para comer, no que tenho que deixar descongelando para comer mais tarde e coisa e tal. Ás vezes sinto que meu corpo está sentindo falta de leite ou alguma fruta, tento prestar atenção. Pode parecer loucura, mas aqui numa vida mais calma, essas pequenas mensagens, sussuros, não são atropeladas no meio do trânsito.
E hoje percebi que estava precisando escrever.
Acendi um incenso e rezei.
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O inverno aqui está acabando, vi um esquilo outro dia... devem estar parando de hibernar. Ainda há muita neve, o vento ainda congela, mas vejo em breve o final dos dias mais longos, a luz no final da porpeta de carne (??? acho que foi um erro escrever com fome hauhauahu).
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Outro dia fui para Toronto visitar o Marco, meu ex-roommate. Acho que de todos que conheci aqui, ele é o único que considero um cara brother brother para vida mesmo, um cara muito gente boa, um dia vou obrigá-lo a ir pro Brasil. Bem, fomos eu e o Jack para lá, um outro cara daqui muito gente boa também. E fizemos um flashback da época que o Marco morava aqui: bebemos, saímos, cozinhamos (!!!), assistimos Sopranos, Trailer Park Boys, jogamos Winning Eleven.
hahaha Um dia fizemos uma refeição canadense, cozinhamos um negócio que chama Beef Dip, é tipo um sanduíche de carne que você molha no molho Gravy (bom, mas pesado não dá para comer todo dia!), ouvimos Tragically Hip, uma banda ícone canadense porque faz (ou melhor fez) muito sucesso aqui, mas só aqui, não emplacou no resto do mundo (provavelmente você nunca ouviu falar). Ah, e assistimos o Trailer Park Boys, uma série canadense de humor bem canadense mesmo.
E no outro dia fizemos uma refeição Sopranos que para quem não conhece, é uma série MUITO BOA que retrata a vida da máfia italiana nos EUA. Pegamos uma receita do livro dos Sopranos (hahaha que o Marco ganhou de presente), chamada "Ziti al Forno"... acho que se fosse seguir no pé da letra, ia demorar umas 4 horas para fazer a receita, mas fizemos em umas 2 horas e pouco. É tipo um macarrão, o Ziti, que parece um monte de tubinho e vai ao forno depois. Vai muito queijo nessa receita, é bem pesada mas é muito boa. Ouvimos um cara da trilha sonora dos Sopranos, e assistimos um capítulo de... Sopranos hehehehe
Ah, nos dois dias comemos salada preparada pelo Jack, o salada-man.
Da próxima vez vou sugerir o dia Brazuca, fazer uma feijoada, assistir Cidade de Deus e ouvir Marcelo D2 hahahaha Falando nisso, levei uma cachaça e a Jurupinga. No entanto, cometi o erro de colocar a Jurupinga no freezer porque ele não tinha forminha de gelo e ela congelou!!! :O Não sabia que ela congelava, nunca vi bebida congelar, mas acho que é porque o teor alcólico dela é baixo. O gosto mudou bastante para mim, mas eles gostaram mesmo assim. Mas falando em bebidas nacionais, o Marco adora cachhhhhaça hehehe
Não tem gente que fica feliz em ver gente comendo? Meu Morzin diz que é porque todo mundo fica com cara de feliz comendo, nunca ninguém come com cara de triste... mas enfim, o Marco é daqueles que fica feliz vendo gente beber hahahahahaha
Detalhe 1: a ida e a volta foram just in time: fui de trem e voltei de ônibus.. peguei os dois nos últimos segundos, os caras já tavam recolhendo a escadinha do trem, e o ônibus já tava com os porta-malas fechados :O :O Ninja!
Detalhe 2: em um dia fomos num lugar que o last call (última rodada) foi às 1 da manhã, e eles expulsaram todos às 1:45 :O muito cedo! Até para os padrões canadenses! E comemos um tradicional hot-dog depois hehehehe é diferente do Brasil.
Detalhe 3: no outro dia fomos num bar sussa cujo garçom era português e conhecia o Brasil, tinha amigos aí e talz hehehe difícil encontrar alguém que fala português por aqui.
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Não estou com muito tempo para ficar escrevendo então vou falar rapidamente do último livro que li quando tava vindo para cá: o caçador de pipas (presente do meu Morzitchos). Gostei muito dele porque retrata uma realidade totalmente desconhecida para mim, é um romance que tem como background o Afeganistão e retrata a mudança deste país desde antes dos russos invadirem até agora pós-Taliban...
E sim, o personagem principal passa cerol na mão e sai cortando a linha de todo mundo :O :O E ainda conta com a participação especial dele mesmo... o Pipa! :O :O :O