El gordito
... já estava ficando preocupado. Durante meses, ele geralmente estava ali na mesma esquina me esperando. Quando eu voltava para casa, tarde da noite, me movendo no meio da escuridão, meus pensamentos preocupados com minha tese, meus ouvidos nadando nos sons do fone de ouvido, e meus olhos procurando, olhando ao longe para a esquina, esperando sua silheta. Gordito.
Não sei se seu nome era Gordito, mas devido à sua forma reconchuda, foi assim que o batizei. Era um gato que sempre parecia estar na esquina, no fim da rua, no horário que voltava para casa, tarde da noite. E sempre vinha amigo, pedindo um cafuné que nunca neguei. Depois de um tempo, comecei a chamá-lo de Gordito. Ele não reclamou, apenas miou. Gordito era assim, ou melhor, é assim, um gato de poucas palavras.
Meus horários de voltar para a casa começaram a variar, e nem sempre o encontrava. Não sei se Gordito saia por aí, andar nos telhados, mas pelas sua forma de Garfield, aposto que não era muito fã de exercícios. De um tempo para cá, nunca mais o encontrei naquela esquina, onde estaria Gordito? Comecei a ficar preocupado, poderia ter sido atropelado? Teria tido um enfarte no miocárdio? Gordiiiiiiiiiiiito cadê você????
Até que ontem, eu o vi, estava lá novamente, por volta do mesmo horário, em que ele religiosamente ficava sentando e na minha imaginação, esperando pelos meus cafunés. Que saudades da Tutty e do Popó.
E daqui a pouco do Gordito.
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Estou voltando daqui a pouco. Muito aconteceu desde que escrevi pela última vez, e por isso aqui vai um super resumo relâmpago, qualquer dia falo mais sobre um desses assuntos.
Fui para Waterloo duas vezes visitar o Marco, e lá entre outras coisas, conheci seu irmão Jordy muito gente boa também e encontrei alguns brasileiros. O Marco é um cara muito gente boa, espero trazer um dia ele pro Brasil, acho que ele ia curtir pa caraiiii.
Aqui em London conheci um mexicano, um casal da Colômbia, uns japas de verdade (não made in Brazil), uma italiana, uma canadense que fala espanhol... O programa da vez é ir jantar na casa de alguém, com várias pessoas trazendo comidas diferentes. Descobri que isso é bem mais interessante do que uma balada, talvez eu que esteja ficando sem saco para balada, ou talvez não tenha tanta graça sem minha grodinha aqui. Mas enfim, esses jantares são bem legais porque são pessoas, culturas, comidas bem diferentes, que resultam em conversas divertidas.
Uma coisa meio chocante para mim, foi saber mais sobre a cultura japonesa, tipo lá a sociedade reprime muito, ninguém se enturma muito com ninguém. No colegial é comum alguém com quem você nunca falou na vida, chegar e falar que está interessado em namorar com você. E aí você aceita ou não... No Brasil isso ia parecer muito "creepy" (não sei que palavra usar em português, mas seria algo como bézarro)... Acho que a sociedade japonesa criou uma pressão tão forte nos indivíduos que acabou aniquilando a capacidade social deles.... Para mim, aqui no Canadá as pessoas já são muito mais fechadas do que no Brasil, ninguém olha para você, parece que nos tornamos invisíveis uns para os outros, sério, parece que ninguém tá nem aí para ninguém. E os japas acham que aqui, as pessoas são muito mais abertas, amigáveis do que no Japão. Imagine então como deve ser lá.
Meus antepassados que me perdoem, mas uma coisa eu tenho certeza, no geral, eu não gosto da cultura japonesa, não gostaria de mudar para lá e com certeza nunca gostaria de criar meus filhos lá. Entretanto tenho planos para um dia morar temporariamente lá para poder avaliar na minha própria pele, tudo isso.
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O dia de defesa da minha tese está marcado, e infelizmente não conseguirei voltar antes da final da Copa do Mundo. Não havia datas, professores suficientes, mas enfim vai ser dia 10 de julho, um dia após o final da Copa.
Devo voltar assim que possível depois desse dia. Tentando achar passagem.
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