- Check my paranoia -

quinta-feira, abril 18, 2002

Para quem ainda não entendeu o conceito de Zica do Pantâno (e como o blog do Zica anda meio zicado), vou contar o que me aconteceu hoje, e que ilustra bem o importante conceito da Zica.

Hoje fui ao oftalmologista, fazia tempo que eu não ia. Perdi meus óculos há uns dois anos, e desencanei de usar, tinha só uns 0.5 graus de miopia que não me atrapalhavam em nada. Bom, a consulta era uma da tarde, e pretendia voltar ao trabalho no máximo ás duas, afinal uma consulta no oftalmologista não costuma ser muito demorada. Além disso, ás duas eu tinha marcado uma mini-reunião com meu colega de estágio e com um cara que tiraria nossas dúvidas. Avisei que talvez chegasse atrasado, e que depois eles podiam ir começando sem mim.
Escolhi esse oftalmologista porque era perto de casa, o meu antigo oftalmo tinha se mudado, então acabei optando por esse que estava no livrinho da Amil.
Chegando lá, já não fui com a cara da secretária, uma velhinha que tinha sido mal-educada comigo no telefone.
Mas tudo bem.
Cheguei umas cinco pra uma e fiquei esperando.
Fui atendido 13:15, mas ainda daria tempo de voltar ao trabalho.
A consulta devia ser rápida.
O médico que me atendeu era muito estranho.
Altão meio desajeitado.
Tinha cara de psycho.
E falava meio esquisito.
Pausado.
Parecia que a cada frase ela apertava “enter”.
Meio misterioso.
A sala era meio escura mas normal para um oftalmologista. Fiz os exames normais de enxergar de longe. O jeito como ele falava a cada exame, com um tom meio trágico, e o jeito como ele conduzia os exames, estava me deixando preocupado: Será que estava com alguma coisa no olho que poderia ocasionar a minha morte? Ou será que ele estava pensando em me matar em um macabro ritual envolvendo sangue e lentes de contato?
Bom, enquanto eu viajava ele pingou um colírio sinistro em mim (estaria ele tentando me cegar?) e depois fez um exame para medir a pressão do olho. Nesse exame é utilizado um aparelho com uma luz azul na ponta que praticamente encosta no olho (não sei se chega a encostar, mas dá muita aflição). Enquanto ele fazia o exame, rezava para ele não furasse meu olho.
Os exames transcorreram normalmente, e o doutor disse que não precisava usar óculos, que meus olhos estavam ótimos, e que tinha muito pouco de astigmatismo. Isso me fez estranhar um pouco, falei que antes usava óculos para miopia (e afinal tinha resolvido marcar esse exame porque tinha colocado um óculos de míope, e vi que tudo tinha ficado bem melhor, então achei que minha miopia talvez tivesse aumentado), mas estava aliviado do exame ter acabado. Ele falou que se quisesse poderia fazer um óculos para astigmatismo, mas não era necessário.
Saí do consultório e resolvi passar em uma ótica para ver se faria um óculos. Queria experimentar um óculos de astigmatismo antes para ver se melhorava mesmo minha visão.
Entrei na ótica..., espera vou fazer um parênteses aqui (Sabe aqueles filmes que você assiste e acontecem várias coisas que parecem estranhas, mas que depois que você vê o final, fazem muito sentido?). Perguntei pra moça se podia testar um óculos como descrito na receita (0.5 de astigmatismo de um lado e 0.75 de outro). Falei que o médico tinha falado que não era necessário eu usar óculos, mas que poderia fazer um para usar no cinema, por exemplo, então queria ver se fazia diferença. A mulher tava com a gerente do lado e as duas ficaram me olhando com uma cara estranha, meio cômica. A mulher explicou que não dava porque cada lente era feita especialmente para cada olho dependendo do eixo e blá blá blá. Enquanto ela me explicava a gerente continuava a me olhar meio estranho. Nem me importei, ela devia ter achado estranho alguém ir na ótica para testar umas lentes. Saí da ótica e fui pegar meu carro no estacionamento. Olhei para o relógio e era 13:30. Maravilha, daria para chegar a tempo do começo da mini-reunião. E a parte do começo era a mais importante para mim.

O manobrista saiu do carro e também ficou me olhando estranho. Reclamou do calor, no que concordei. Entrei no carro e quando estava colocando o som, o cara vira para mim e pergunta:
- Você pinta o olho?
Respondi intrigado:
- Não! Como assim?
- Seus olhos são naturais assim?
Olhei para o retrovisor e os meus olhos estavam amarelos! Parecia que alguém tinha os pintado em volta com caneta marca-texto. Tentei tirar com a mão, mas não saia! Tava muito esquisito e muito amarelo!
Agora que vem a diferença entre o azar normal e a Zica. Se estivesse com azar, poderia até chegar atrasado na reunião porque o pneu do carro furou ou alguma coisa do tipo, mas como a Zica que estava atrás de mim, tinha que escolher entre chegar na reunião a tempo e com os olhos todo amarelo, ou ir pra casa lavar os olhos e chegar atrasado.

Olhei para o espelho e decidi, não podia andar na rua daquele jeito e voltei para casa.
Cheguei e tentei dar uma lavada, mas não saia direito. Liguei pro consultório e a secretária mal-educada atendeu. Expliquei que meus olhos estavam amarelos e que não conseguia tirar. Ela respondeu, educada como sempre, “É um colírio que ele usa pra dilatar a pupila. É só lavar com água e sabonete que sai, todo mundo consegue tirar por que você não conseguiria?”. Eu falei que não tava saindo e perguntei se deveria passar álcool no que ela esbravejou mais ainda.

Resultado: fiquei meia hora lavando o olho até aquilo sair. Voltei pra empresa atrasado, e pensando na Zica que tinha sido aquela consulta.
Decidi ir a outro oftalmo para ter uma segunda opinião sobre minha vista, mas dessa vez vou a um que minha tia indicou...
Espero que ele não use colírio com extratos de marca-texto...

Zica?
Ah, mais Zica... os comentários só devem voltar no sábado...
Netcomments Pepa!