Então eu vou lhe dizer como a Zica do Pântano funciona.
Para quem não lembra o que é a Zica do Pântano ela é tipo um azar só que mais sacana. Ela faz com que coisas dêem certos para que outras possam dar errado. Ela é irônica, parece que alguém lá em cima está tirando com sua cara.
Basicamente é isso.
Pessoal essa é a Zica do Pântano. Zica do Pântano esse é o pessoal.
Apresentações feitas, aqui vai o episódio de hoje. Hoje foi sómente a Zica Preta do Pântano...
Bem, hoje era meu primeiro dia de estágio na Schlumberger. Aew time! Bem, tudo parecia bem.
Acordei bem cedo, mais até do que precisava, tomei café, banho e sai no horário. A Marginal Pinheiros estava com mais trânsito do que eu esperava, mas tava indo, ia chegar no horário. Estou andando tranquilamente pela Marginal, faixa da esquerda quando senti que meu carro estava falhando. Veja aqui a ação da mão de alguma força maligna trabalhando para a Zica do Pântano.
Uns 100 metros antes da Cidade Jardim tem tipo de um acostamento da Marginal que normalmente não tem na Marginal, mas tem ali. Se meu carro parasse em qualquer outro ponto, talvez minha saúde física estivesse em risco porque o trânsito estava cheio mas estava indo a uns 90 km/h. Mas não, a Zica não queria me matar, queria apenas tirar uma da minha cara. Bom, então o carro começou a parar quando estava na faixa da esquerda, bem do lado do pequeno acostamento. Fui para o lado e o carro morreu.
"Gasolina...." foi o que pensei. Mas não deu para ter certeza porque quando se desliga o carro, o ponteiro da gasolina encosta embaixo, e o carro não estava ligando mais para ver.
Putz. Na hora pensei em ligar para o seguro. Abri minha bolsa e..... "Parabéns senhor, você esqueceu seu celular em casa. Boa campeão!"
Puta... agora ia embaçar.
Sai do carro. Estava isolado na pista esquerda da Marginal.
Naquele ponto para eu chegar do outro lado, eu teria de atravessar umas 8 faixas mais ou menos. 5 da pista expressa. 3 da local. E o trânsito tava fluindo forte, muitos carros passando muito rápido. Seria difícil passar. Muito difícil. A Marginal não tem semáforos e o trânsito aquela hora da manhã não dava tréguas.
Mais para frente do outro lado, vi uns carros da CET cuidando de um carro que tinha parado do outro lado. Era o que tinha que tentar. Fiquei tentando chamar a atenção, mas ninguém olhava. Gritava mas não era ouvido (A Marginal realmente é barulhenta... Muitos carros).
Me sentia um naúfrago em minha pequena ilha tentando chamar a atenção do resgate. Pensei em escrever com cocos no chão. Droga, para piorar não tinha coqueiros na Marginal. Depois de um tempo, acho que por intervenção divina, um CET olhou para mim. Ae, estava salvo.
O cara do CET para conseguir atravessar até mim demorou um tempo. Putz. Como você para carros vindo a 90 por hora?
O que ele fez foi ir fazendo sinal para reduzir a velocidade, e aos poucos a faixa toda ia diminuindo diminuindo a velocidade até que ele pedia para parar. Foi fazendo isso faixa a faixa, um trabalho quase artesanal. E chegou. Vieram dois ainda.
Expliquei a situação e pedi para usar o celular dele. Sim, poderia, mas o que seria a Zica se não fosse a Zica? Os créditos do guarda tinham acabado ontem, o que não seria problema pois ligaria a cobrar pro seguro. Só que o seguro era número 0800, que normalmente seria de graça, mas celulares sem crédito não fazem ligações 0800. Maravilha.
Liguei para minha casa a cobrar e falei com minha empregada. Passei a placa do carro, o telefone do seguro, e falei que estava parado há uns 100 metros da ponte Cidade Jardim, do lado esquerdo da Marginal, sentido Castelo-Interlagos. Bom, como deve-se esperar ela não entendia direito o que eu falava, não sabia direito o que era sentido, mas ela anotou. Esperava que ela conseguisse passar para o seguro todas as informações corretas... "Certo, o senhor não quer também um cafezinho para acompanhar?"
Os caras do CET tinham que voltar para o outro lado, e lá foram eles. Mas para atravessar de volta foi bem mais complicado, eles demoraram bastante e então depois de um tempo, pedi para usar de novo para verificar se ela tinha conseguido ligar. Consegui falar e tudo parecia estar bem, questão de tempo. Não tinha o telefone do emprego para ligar e avisar porque estava no celular... Até ia tentar explicar para minha empregada como se vê o número no celular e talz, mas tinha certeza que ia ser um processo demorado, estava usando o celular do guardinha e estava sem crédito, ele precisava voltar e etc.
Bom, só me restava esperar.
Aí a Zica do Pântano se mostrou mais uma vez. Se fosse normalmente eu não teria nada o que fazer no carro. Mas ontem quando estava fazendo minha malinha, eu achei um livro que tava procurando faz tempo, que comecei e não terminei e não estava achando, o "Belas Maldições" do Neil Gaiman. Pensei, vou levar. Mas então repensei: "Eu não vou ter tempo de ler isso, so vai fazer peso.". E então repensei novamente: "Ah não tou levando muita coisa, vai que acontece algo e dá um tempo para eu ler... sei lá. Ia ter de fazer exame médico e tal, quem sabe na fila de espera..."
Aew. A Zica me deu a oportunidade de ler o livro. Como estava feliz...
Comecei a ler e ler e pensar na minha sorte, e ler e ler e o seguro não vinha. Os CETs já tinham ido embora... Me senti novamente isolado numa ilha, comecei a pensar por que tinha tirado a bola de futebol do carro. Poderia desenhar uma cara nela, se não aparecesse ninguém poderia conversar com ela... hummmmmmm.....
Foi então que vi. Sim vi. Na margem do rio mesmo, tem uma estradinha de terra onde de vez em quando passavam uns caminhões. Tentei para um deles, mas ele passou reto levantando poeira. Passou um depois e eu consegui parar. Pedi para usar o celular, tentei ligar para o seguro não ia. Tentei meu pai, não ia. Liguei para casa. Ocupado. Boa.
O caminhão foi embora.
Voltei para o carro. Não conseguia mais ler. Estava aflito. Já fazia 1 hora e meia quase. Cadê time? Cadê? Need backup!!!! Regroup team!!!
Um outro caminhão para do meu lado. Era o que tinha passado reto, voltando. Vem e pergunta o que houve e talz. Peço o celular e ligo para casa.
A minha empregada avisa que o cara não estava conseguindo me achar, expliquei de novo.
Depois de um tempo o cara chega. Nossa foi muito alívio. Me senti como um pequeno marsupial voltando a bolsa da mãe. (Peço desculpas pelas minhas metáforas... Obrigado pela compreensão).
O cara falou que falaram que eu estava na Marginal sentido Castelo, achavam que eu estava do outro lado. OK. Se você rebobinar esse post verá que eu falei para minha empregada sentido Castelo-Interlagos. E foi o que ela escreveu em seu papel meio confuso, mas na hora de ler e falar para o seguro, ela disse apenas sentido Castelo.
Bom, fomos para um posto onde coloquei gasolina. Mas o carro não ligou. A bateria não ia. Poderia ser que a bateria estivesse descarregada, o alternador tivesse quebrado, a mãe do Pipa tivesse colocado seus dedos no motor, sei lá. O cara falou que era melhor deixar numa oficina, se eu conhecia alguma. Não tinha idéia para onde levar então trouxe para casa. Meu carro saiu recentemente da oficina, pode ser que tenha ocorrido alguma coisa. Detalhe que o cara do guincho era o mesmo que trouxe meu carro quando bati há uns mes atrás mais ou menos. Reconheci o cara na hora, esperando que ele não me reconhecesse... Mas quando foi deixar o meu carro em casa ele se lembrou. Droga! Logo logo eu vou estar emprestando uns CDs para ele "Ow me devolve na próxima vez que eu chamar o guincho." "Opa, pode deixar."
Cheguei em casa, liguei para lá e falaram para eu ir então amanhã, porque precisava fazer o exame médico e esse só tinha de manhã. OK.
E aqui se encerra mais um episódio da Zica do Pântano.
ELENCO (por ordem de aparição):
- Zica do Pântano.
- Eu.
- Cara do CET nº1
- Cara do CET nº2
- Florizete ou Flor, minha empregada.
- Cara do caminhão nº1
- Cara do caminhão nº2
- Cara do guincho do seguro.
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